Por Delfim Ossamu Miyamaru

Com um impacto significativo no Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com cerca de 4,8%, e empregando direta e indiretamente aproximadamente 2,9 milhões de trabalhadores, a BID não é apenas um pilar da defesa nacional, mas também um motor fundamental para o crescimento econômico e a inovação tecnológica do país.

Além do seu papel essencial na segurança nacional, a Base Industrial de Defesa (BID) atua como um catalisador de avanços tecnológicos em diversos outros setores. As inovações oriundas do domínio militar frequentemente transcendem seus propósitos originais, encontrando aplicações inovadoras em diversas áreas e campos. Essa sinergia tecnológica sublinha a habilidade única da BID em não apenas fomentar, mas também em elevar o potencial de outros segmentos econômicos, posicionando o Brasil de maneira estratégica para enfrentar e se destacar nos competitivos mercados globais.

Um traço expressivo dessa indústria é sua capacidade de gerar produtos de alto valor agregado, característica que não apenas solidifica a posição do Brasil como um player influente no mercado internacional de Defesa, mas também abre um leque amplo de oportunidades de exportação. Tal dinâmica é fundamental para impulsionar e equilibrar a balança comercial brasileira.

Entretanto, para que este setor prospere de forma sustentável, é crucial que seu crescimento esteja em sintonia com a estratégia  de investimento e com as políticas de  incentivos e financiamento. A questão de recursos financeiros para a BID tem sido tema de diversos debates e pautas de discussão, tais como o novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e de medidas adotadas de não financiamento das empresas na produção de materiais de Defesa e a ampliação do Proex (Programa de Financiamento às Exportações), buscando equilibrar a necessidade de desenvolvimento econômico com as práticas empresariais sustentáveis e éticas.

Diante da importância estratégica da BID, não apenas para segurança e soberania nacional, mas também para a inovação e autonomia tecnológica, outros aspectos devem ser observados e aplicados, por exemplo, a aderência às normas e boas práticas em quatro áreas-chave: Segurança da Informação, Sustentabilidade, Conhecimento e Integridade (compliance).

Segurança da Informação: Na BID, a segurança da informação é de importância capital, especialmente diante da manipulação de dados sensíveis que podem comprometer a segurança e a soberania nacional. A aderência às normas da série ISO 27000 é essencial para garantir o sigilo das informações. Com a digitalização dos processos e o aumento dos ataques cibernéticos, a evolução constante das práticas e procedimentos empresariais se faz necessária para assegurar a proteção de dados.

Sustentabilidade: Em um mundo cada vez mais focado em questões ambientais, sociais e de governança (ESG), a sustentabilidade tornou-se um pilar essencial para o crescimento das empresas. A BID deve equilibrar seu desenvolvimento econômico com preocupações ambientais e sociais, alinhando-se com práticas de gestão empresarial responsável. Isso não apenas reforça o compromisso da indústria com o futuro do planeta, mas também com o bem-estar social e uma governança corporativa ética e transparente.

Conhecimento: O domínio e a gestão do conhecimento são fundamentais para garantir a independência tecnológica da BID. Isto está intrinsecamente ligado à capacidade do Brasil de produzir materiais de defesa sem restrições ou sanções em situações de conflito. O fortalecimento da Base Industrial de Defesa, alinhado com a visão de soberania e autonomia de produção, depende do aprofundamento do conhecimento por empresas e profissionais. O fomento à pesquisa e inovação, valorização de capital humano e a  transferência e absorção de tecnologia nas aquisições de soluções e produtos de fornecedores internacionais são caminhos adotados pelo Brasil para adquirir autonomia na produção nacional.

Integridade (Compliance): Os processos de integridade influenciam significativamente as práticas comerciais da Administração Pública com as empresas. Normas e certificações, como a ISO 37.001, são fundamentais para assegurar o compromisso empresarial com o antissuborno. Além disso, a integridade técnica – atuar como um “honest broker”, oferecendo serviços de forma isenta, neutra e imparcial e sem conflito de interesses. Uma organização com atuação como “honest broker” é o eixo da hélice da inovação que envolve governo, setor privado e a academia, para desenvolver e aplicar as melhores tecnologias e soluções de forma isenta, imparcial e de forma independente aos que defendem seu ponto vista comercial ou técnico específico.

Enfim, o crescimento da indústria brasileira deste segmento deve ser pautado por um compromisso inabalável com a segurança da informação, gestão do conhecimento, práticas sustentáveis, aprofundamento do conhecimento e integridade nas operações comerciais. Estes pilares não são apenas essenciais, mas também reforçam a posição do Brasil como líder responsável e inovador no cenário mundial. A BIDS tem o potencial de ser mais do que um setor estratégico para a defesa nacional – ela pode ser um exemplo de inovação, crescimento e responsabilidade globalmente.

 

 

 

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