OS BENEFÍCIOS DA SIMULAÇÃO COMO PROCESSO EFICIENTE E MAIS BARATO PARA TESTE DE TECNOLOGIAS EM ESTÁGIOS PREMATUROS

 

Por: Ademir José Barba

O ser humano está sempre buscando uma forma de provar conceitos de invenções e processos que são criados por ele. Sempre que uma nova tecnologia é criada ela deve ser testada, para que se possa comprovar que ela realmente pode ser utilizada de acordo com a finalidade a que se propõe.

No entanto, muitas vezes é inviável que esses testes sejam efetuados constantemente até que se chegue em um produto confiável. Isso porque, a execução de vários testes pode representar um custo que a organização pode não conseguir arcar.

Se uma pessoa, por exemplo, cria um meio de transporte que ainda se encontra em estado prematuro, testá-lo demandaria gastos com combustível, com vários tipos de sensores para identificar falhas, com muitas peças e mão de obra. Agora, imagine se esse protótipo bate e é totalmente destruído?!

Por esses motivos o ser humano recorre à “simulação”, um processo bem mais barato para testar tecnologias que ainda estão em um estágio prematuro para testes reais em campo.

Este texto busca exemplificar como a simulação pode ser vantajosa para a economia de uma organização.

A Fundação Ezute, uma organização privada sem fins lucrativos que oferece soluções inovadoras em tecnologia e gestão para os desafios e problemas enfrentados pelas instituições brasileiras, já atuou em diversos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento na área de simulação. Um desses projetos envolveu o desenvolvimento de um sistema de vigilância aérea automático e dependente dos sinais de transponders de aeronaves.

Em determinada fase do projeto era necessário testar se o sistema realmente estava recebendo dados e tratando-os corretamente em sua máquina de estados complexa, que requeria que processos fossem realizados com a velocidade de nanosegundos.

A Fundação dispunha de uma antena para receber os dados de transponders de aeronaves. O sistema indicava que as aeronaves passavam esporadicamente pela região em largos intervalos de tempo entre um voo e outro. Mas como ter certeza disso?

Quando se está desenvolvendo um sistema e é desejado saber se ele está funcionando corretamente, é necessário testá-lo usando dados de entrada controlados. Assim o testador sabe o que está entrando no sistema e o que deveria sair como reposta deste.

No caso do sistema de vigilância era impensável naquele momento reunir aeronaves e pedir que elas ficassem voando ao alcance da antena.

Dentro desse contexto foi criado um Simulador de Emissão de Dados de Transponders (SEDT). O SEDT simulava várias aeronaves enviando sinais conhecidos de transponder. E dessa forma era sabido o que esperar do sistema.

Com o SEDT descobriu-se de maneira muito mais barata, se comparado à testes em campo, que o sistema de vigilância estava com problemas em sua máquina de estados e que, por isso, parecia que poucas aeronaves passavam pela região. Na verdade, o sistema, sob certas condições, entrava em um estado que não sinalizava mais o recebimento de mensagens.

Com o SEDT foi possível corrigir tal problema no sistema de vigilância e realizar novos testes a cada nova versão do sistema.

Outro projeto interessante da Fundação Ezute foi o desenvolvimento de um simulador de usina hidrelétrica para a Usina de Santo Antonio em Rondônia.

O simulador foi concebido com modelos matemáticos e grafos que representavam os unifilares elétricos da usina. Ele simulava, por meio de software, operações da usina que eram exibidas em telas semelhantes às utilizadas pelos operadores.

Esse é um belo exemplo de como baratear custos com treinamento. Imagine um operador efetuando um treinamento com os sistemas reais da usina e danificando um equipamento caríssimo ou até mesmo fazendo com que várias das turbinas parassem sem que isso fosse desejado.

O simulador é um grande recurso para que usinas possam treinar operadores sem esses riscos. Além disso, é também um modo de testar novos processos a serem implantados.

Em mais um caso, a Fundação Ezute criou um simulador para contingência em grandes eventos de uma arena de tênis. Esse projeto iniciado graças à um prêmio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) permitiu criar uma simulação onde era possível avaliar a evacuação da arena e também inserir mudanças de brigadistas a ponto de melhorar esse processo.

Todos esses são exemplos que comprovam como a “simulação” pode dar respostas que antes eram conseguidas somente com testes em campo ou, talvez, com especulação. Claro que a simulação não substitui os testes em campo, mas fica claro que ela é essencial para determinadas fases de projetos complexos, principalmente num contexto em que vários agentes interagem formando um comportamento emergente.

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