VISÃO SISTÊMICA NA SEGURANÇA PÚBLICA
Tarcísio Takashi Muta, presidente da Conselho de Administração da Fundação Ezute
A complexa dinâmica global, com as chamadas novas ameaças – desastres ambientais de maior amplitude, epidemias desconhecidas, violência urbana, terrorismo, etc. – vem transformando o ambiente da segurança. Estamos diante do VUCA World – um acrônimo cunhado pelo Exército norte-americano nos anos 90 para operações em territórios dominados por terroristas: volatility, uncertainty, complexity e ambiguity (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade).
Na América Latina, em 2015, um em cada três adultos considerava a criminalidade e a violência os problemas mais preocupantes de seus países, segundo publicação do Instituto Igarapé de agosto último (em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e com o Fórum Econômico Mundial).
A publicação aponta que as políticas locais de segurança pública têm sido mais eficazes na redução da violência do que aquelas adotadas nacionalmente. Isto porque a responsabilidade pela aplicação das políticas de segurança está principalmente focada no âmbito da cidade.
O artigo descreve resultados positivos em segurança pública obtidos por dez cidades nos países: Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Honduras, Jamaica, México, República Dominicana e Venezuela. No Brasil, são citados casos de sucesso em Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
O relatório demonstra que o êxito dessas dez cidades na área de segurança pública está diretamente relacionado a estratégia e investimento focados e ao acompanhamento constante de dados e indicadores. Informações são essenciais para o planejamento das ações, para a identificação dos resultados das atividades implementadas, e dão base para a consolidação das práticas mais efetivas ou, ainda, para a promoção de ações corretivas, onde forem necessárias. Em resumo: há plano, definição de métricas e recursos adequados para o sucesso.
Para a obtenção e disponibilização de dados é imprescindível a adoção de recursos tecnológicos. Mas estes, por si só, não garantem resultados positivos. Investimentos em modernização devem ser consequência do entendimento do contexto e de abordagem multidisciplinar.
A aplicação do conceito de systems engineering surge como a melhor proposta para projetar e gerenciar sistemas assim complexos. Trata-se de uma metodologia com abordagem interdisciplinar e sistêmica (holística) que permite o delineamento, a modelagem e a conceituação de uma solução, ou a especificação de um projeto, a partir das necessidades do usuário. O resultado? O desenvolvimento de um sistema real e operante.
A Fundação Ezute trabalha com a premissa de que enxergar o todo é essencial para conceber soluções dirigidas e que podem, definitivamente, atender à desafiadora demanda da gestão pública brasileira.
Saiba mais em:
http://www.incose.org/AboutSE/WhatIsSE
https://unchronicle.un.org/article/evolution-and-challenges-security-within-cities