O MELHOR DA DEFESA E SEGURANÇA EM 2014
Não há dúvidas de que muitos acontecimentos marcaram o setor de defesa no Brasil em 2014 e, muitos deles, positivos para a BID (Base Industrial de Defesa). Empresas brasileiras se destacando em importantes eventos nacionais e internacionais, programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), avanços e investimentos nos grandes projetos de defesa como PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul) e Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira), aquisição do Gripen NG, rollout do KC-390, novos direcionamentos para a área cibernética, segurança e tecnologias usadas durante a Copa do Mundo, entre outros.
A Informe ABIMDE conversou com autoridades das Forças Armadas e com empresários da BID, que apontaram os pontos mais positivos dos setores de defesa e segurança em 2014.
CELSO AMORIM
Ministro da Defesa
Na verdade, não houve apenas um único fato positivo na Defesa em 2014. Este foi um excelente ano para o nosso setor. Cito, em primeiro lugar, as conquistas na área da Força Aérea Brasileira (FAB). Nós assinamos o contrato de aquisição e desenvolvimento, no Brasil, dos caças Gripen NG. Também pudemos ver o rollout do avião cargueiro KC-390. Na Marinha, assistimos à conclusão de importantes etapas do PROSUB. Dentro de pouco tempo teremos o primeiro dos quatro submarinos convencionais, e seguimos firmes rumo ao desenvolvimento da unidade à propulsão nuclear. O Exército inaugurou a primeira unidade do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), em Mato Grosso do Sul, e recebeu o centésimo blindado Guarani. O ano de 2014 foi, portanto, um período de colher o que semeamos no passado. Uma safra de boas iniciativas, que já deu bons resultados num período relativamente curto se considerarmos a complexidade dos projetos da Defesa Nacional. Eu diria que este foi um ano de boa colheita, mas também de boa semeadura. Nossos projetos são hoje uma realidade e nosso futuro é promissor.
TENENTE-BRIGADEIRO-DO-AR JUNITI SAITO
Comandante da Força Aérea Brasileira
O ano de 2014 foi histórico para a Força Aérea Brasileira (FAB) com a assinatura dos contratos de aquisição das aeronaves KC-390 e Gripen NG. São projetos cuidadosamente especificados para servir ao nosso País, em total alinhamento com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, e vão representar um salto na capacidade operacional da FAB. Empresas da Base Industrial de Defesa são fundamentais nestes projetos, participando desde o desenvolvimento até o suporte às frotas operacionais. Em paralelo, prosseguem projetos de grande importância como o dos helicópteros EC725, do míssil A-Darter, e da modernização de caças F-5 e A-1.
ALMIRANTE-DE-ESQUADRA JULIO SOARES DE MOURA NETO,
Comandante da Marinha
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas realizações significativas. A maioria delas se encaixa em uma sequência de empreendimentos que vem sendo concebidos e executados ao longo dos últimos anos, para atingir a visão de futuro projetada pela Marinha do Brasil (MB). Dentre esses avanços, destacam-se os seguintes:
a) O prosseguimento dos empreendimentos do PROSUB:
Decorrente da Estratégia Nacional de Defesa (END), é um marco absolutamente fundamental para elevar as capacidades da Força Naval a um patamar compatível com a estatura político-estratégica do nosso País.
O programa vem alcançando grande impulso desde o seu início e, particularmente, em dezembro deste ano, será inaugurado o prédio principal do Estaleiro de Construção, em cerimônia que, possivelmente, contará com a presença da presidente da República. Paralelamente, as seções 3 e 4 do primeiro submarino convencional (S-BR1) já se encontram na UFEM e serão unidas às seções 1 e 2, sendo fabricadas no Brasil. O término da construção do primeiro submarino convencional está previsto para ocorrer em 2017.
b) O avanço na etapa inicial do SisGAAz:
O ano de 2014 vem sendo particularmente significativo para materializar o SisGAAz, pois marcou o término da fase de concepção e o início da fase de contratação do programa. Nesse contexto, mais de 160 empresas nacionais receberam as especificações estabelecidas pela Marinha e terão até 19 de janeiro de 2015 para apresentarem suas propostas de como atendê-las, que serão analisadas minuciosamente, a fim de permitir a seleção da Main Contractor para executar o programa. A previsão de início da construção dos subsistemas do SisGAAz é 2017, com término previsto para 2027.
c) O recebimento de novos equipamentos:
Ao longo de 2014 foram adquiridos vários equipamentos, além de terem sido firmados contratos para modernização de outros, dentre os principais: a aquisição de duas Lanchas de Patrulha de Rio (LPR-40), construídas pela COTECMAR (Colômbia); a aquisição do Navio de Transporte Fluvial (NTrFlu) “Almirante Leverger” e do Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) “Caravelas”, para operação na área do Comando do 6º Distrito Naval, baseado em Ladário-MS; o lançamento do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) “Vital de Oliveira” ao mar, no estaleiro Guangzhou Hantong Shipbuilding and Shipping Company, em Xinhui, República Popular da China. Sua prontificação está prevista para maio de 2015; prosseguimento na modernização dos aviões A-4 Skyhawk; o recebimento de viaturas blindadas “Piranha”, de fabricação suíça; o recebimento de helicópteros Super Cougar; o recebimento do Sistema Lançador de Foguetes Astros CFN 2020; e a celebração de contrato para modernização de oito helicópteros Super LynxMk 21A.
d) O aprofundamento da cooperação internacional no âmbito naval:
A MB vem aprofundando a cooperação com países amigos em diversas áreas, como na condução de operações multilaterais, intercâmbios, realização de cursos, entre outros.
Cabe ao Brasil um papel significativo junto às nações em seu entorno estratégico. No caso da Marinha, isso se traduz, entre outras responsabilidades, em firmar sua posição de destaque dentro da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS).
O ano de 2014 tem sido profícuo nesse sentido, destacando-se a continuação do apoio na formação do poder naval da Namíbia, notadamente no estabelecimento da sua capacidade de comunicações navais; fornecimento de simulador de manobra para a Marinha de Moçambique; apoio na formação da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, entre outras.
SAMI HASSUANI
Presidente da ABIMDE
O evento mais positivo foi a conclusão e a contratação dos programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep. Estes programas permitem que as empresas do setor possam buscar inovações que lhes permitirão competir melhor no mercado nacional e internacional.
CARLOS AFONSO PIERANTONI GAMBÔA
Vice-presidente executivo da ABIMDE
Inúmeras conquistas da Base Industrial de Defesa marcaram o ano de 2014. Hierarquizá-las é tarefa difícil, pois diversos atores participaram deste crescente avanço. Com a participação direta da ABIMDE, destaco a ida de 85 empresas e entidades à feira Fidae (Chile) e a presença de 62 companhias na III Mostra BID Brasil (DF). Estes dois eventos indicam que, a despeito de todas as dificuldades, o empresariado do setor encontra-se unido e acredita em dias melhores para o País.
GENERAL-DE-DIVISÃO ADERICO PARDI MATTIOLI
Diretor do departamento de Ciência e Tecnologia Industrial (DECTI)
Como integrante da Secretaria de Produto de Defesa, destaco o sucesso da III Mostra BID-Brasil, que contou com o incondicional apoio da APEX e da ABIMDE. Entretanto, como diretor de Ciência e Tecnologia Industrial, elejo o lançamento do Programa Plataformas do Conhecimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Trata-se de um programa estratégico e ousado, que visa a conquista de capacitações críticas para a soberania e desenvolvimento do Brasil.
GENERAL-DE-DIVISÃO LUIZ FELIPE LINHARES GOMES
Chefe do EPEx (Escritório de Projetos do Exército)
No tocante ao EPEx, o evento mais importante foi a assinatura do Memorando de Entendimento com a ABIMDE, pois permitiu uma comunicação mais eficiente entre o Exército Brasileiro e a BID. Em 2014, os diversos desdobramentos oriundos daquele instrumento de parceria permitiram que as empresas do setor de defesa e segurança assimilassem as capacidades requeridas pela Força Terrestre, desenvolvendo ou produzindo PRODE com requisitos necessários e adequados ao Processo de Transformação do Exército.
JACKSON SCHNEIDER
Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança
Os investimentos do governo brasileiro em grandes projetos de defesa, como o Sisfron, o Satélite Geoestacionário, o KC-390 e o Projeto F-X2, entre outros, são extremamente importantes e positivos para toda a base industrial de defesa do País. Falando especificamente da Embraer, vale destacar a entrega dos primeiros aviões Super Tucanos à Força Aérea dos Estados Unidos e o rollout do avião de transporte militar tático KC-390.
ASTOR VASQUES
Presidente da Bradar
Em minha opinião foi a regulamentação do Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid). Creio que isto foi um divisor de águas para a indústria do setor, proporcionando maior competitividade no mercado internacional, mas antes de tudo um sinal claro de que o governo tem o propósito de recuperar esta indústria no Brasil. Esta medida traz confiança ao mercado e abre caminho para um maior relacionamento da indústria brasileira de defesa com parceiros internacionais, o que motiva uma maior transferência de tecnologia para o País.
CARLOS RUST
Presidente da RustCon
Em 2014, vale a pena ressaltar o cunho paradoxal de algumas iniciativas que devem se desenvolver nos próximos anos. Um dos principais e mais relevantes eventos foi o lançamento do processo de aquisição do programa SisGAAz. Sobre a Rustcon, tivemos como pontos positivos a entrega da segunda versão do Simulador de Guerra Cibernética, que pode ser usado para capacitação, planejamento e operação de ações cibernéticas. E também tivemos a participação nas feiras Fidae e Euronaval (França), que nos abriu oportunidades internacionais.
RICARDO CAMPELLO
Diretor da ARES
O acontecimento mais importante para o setor de defesa e segurança no ano de 2014 foi a assinatura do contrato de aquisição do FX-2 Gripen, com amplos e duradouros reflexos positivos para a BID e para a motivação dos recursos humanos envolvidos na Defesa da Pátria.
LUCIANO CARDIM
Gerente sênior de relações governamentais da Motorola Solutions
Ressaltamos a relevância dos investimentos realizados pelas várias instâncias de governo na modernização e expansão da infraestrutura de comunicações de missão crítica para atender os requisitos de defesa e segurança pública durante a Copa do Mundo. O uso de soluções como Centros Integrados de Comando e Controle, Sistemas Digitais de Radiocomunicação e de Comunicações em Banda Larga (4G/LTE), dedicadas exclusivamente à defesa e segurança pública durante o evento, confirmaram a efetividade de aplicação da tecnologia para a integração dos órgãos de segurança pública e defesa, bem como melhoria de desempenho e capacidade de resposta.
ANDRÉ BERTIN
CCO da BCA
Com certeza a Copa do Mundo foi o evento de maior importância para nosso segmento, pois o Brasil pôde promover a recepção de turistas e de autoridades do mundo inteiro em um padrão de segurança superior ao encontrado em nosso dia a dia. Isto nos garante maior credibilidade para incrementar o relacionamento internacional com o mercado. Certamente, o modelo de segurança adotado no Brasil, como por exemplo nas favelas do Rio de Janeiro, pôde ser, em parte, compartilhado com qualquer país do mundo e, o mais importante, com uma grande parcela de produtos da nossa BID.
CESAR LOURENÇO BOTTI
Chefe do departamento de relações de mercado da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel)
A inédita inserção dos assuntos de defesa e segurança na agenda nacional, motivada pela implementação da Estratégica Nacional de Defesa e da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (ENAFRON), associada à abertura de novas oportunidades mercadológicas, em consequência da implantação, embora tímida, dos projetos estratégicos indutores da transformação das Forças Armadas, e pelas demandas crescentes proporcionadas pelos grandes eventos; pelo fortalecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil; e pela ação proativa e proficiente de fomento da BID, desenvolvida pela ABIMDE junto aos clientes institucionais, em especial Forças Armadas, parlamentares, formadores de opiniões, gestores públicos e privados e, ainda, segmentos expressivos da sociedade brasileira.
TARCÍSIO TAKASHI MUTA
Presidente da Fundação Ezute
Eu menciono a Copa do Mundo Fifa 2014, que demonstrou que o País, quando tem determinação política de enfrentar uma questão complexa, o faz com competência. Houve um trabalho de gestão na questão de segurança, que levou à integração entre as diversas esferas de poder (federal, estadual e municipal). Em um esforço conjunto e concentrado, com os recursos disponíveis, foi possível realizar o maior evento esportivo mundial com transparência nas ocorrências e dentro de taxas mundialmente aceitáveis.
Fonte: Revista Informe Abimde